IX Fórum de Psicologia da Universidade da Beira Interior, em Portugal, discute a inserção dos egressos no mercado de trabalho

Na última semana, a Universidade da Beira Interior, em Covilhã - Portugal, recebeu o IX Fórum de Psicologia, um evento organizado pelo Núcleo de Estudantes da Psicologia da UBI, com o intuito de  promover discussões atualizadas sobre a área. A nossa aluna de Iniciação Científica na Alumni/UFMG, Elisângela Costa, que atualmente está em intercâmbio na UBI, pode participar do fórum e trazer para o blog um pouco da discussão que se fez sobre as questões de inserção profissional e construção de carreira do egresso acadêmico em Portugal.


A mesa-redonda “Acabei o Mestrado, e agora?”, composta por Beatriz Ribeiro, Gabriel Teixeira e Fábio Monteiro, egressos de Psicologia da UBI, cercou os alunos presentes de dicas e experiências sobre os desafios e as possibilidades que eles poderão enfrentar ao concluir o curso. Vale dizer que em Portugal o grau acadêmico de licenciatura não corresponde à formação para lecionar, como no Brasil. Além disso, só pode exercer a profissão de psicólogo aquele que concluir o grau de Mestrado. Assim, a palestra está muito bem direcionada para os alunos que começarão a fazer uso dos serviços de Psicologia para/na sociedade.


Com viés de relato de experiência, os três egressos que palestraram no fórum foram enfáticos ao dizerem que a Psicologia tem diversas áreas de atuação, recomendando aos alunos explorarem as possibilidades de carreira para além da clínica tradicional, com trabalho em consultório particular. Parece que, mesmo havendo várias ênfases de estudos na UBI - Psicologia Organizacional, Psicologia da Educação e Psicologia Clínica - os alunos têm maior preferência pelo último segmento de trabalho.


Na mesma linha de raciocínio, os palestrantes falaram da dificuldade de conseguir um emprego quando recém-formado, pois há demora no processo de inscrição da Ordem dos Psicólogos (OPP). Além disso, existem muitos profissionais sendo formados anualmente, aumentando a competitividade no mercado de trabalho. Dada essa realidade, eles sugeriram aos alunos a procurarem também, de início, um trabalho que não necessariamente tem ligação com a Psicologia. Para os palestrantes, vale mais continuar em exercício laboral, para se manter ativo no mercado, do que ter um intervalo de tempo considerável sem nada a agregar no currículo.


Inclusive, Fábio Monteiro considera que quem se forma em Psicologia sempre faz uso do que aprendeu, pois a forma de entender o mundo é alterada depois de cursar uma licenciatura como a Psicologia, que presta a analisar o homem. Além disso, a prática profissional tem o poder de oferecer visões complementares ao ensino na faculdade.


Ainda, Beatriz Ribeiro lamenta que a grade curricular da Psicologia na UBI não tenha tantas disciplinas que fomente a treino das soft skills (ou seja, das competências comportamentais pessoais e relacionais) para estimular o pensamento crítico dos alunos e torná-los mais empregáveis ao final do curso.


Outra dica dada na mesa-redonda por Gabriel Teixeira foi a de criar um perfil no Linkedin e investir um tempo semanal para criar conteúdo nesta rede e explorar novas conexões, pois foi desta forma que ele conseguiu seu emprego numa empresa de Recursos Humanos.


Enfim, todos esses relatos contribuem para a discussão da temática dos egressos, uma vez que levanta o olhar dos próprios alumni sobre a realidade pós-formação. Ainda está em voga a necessidade de maior alinhamento e comunicação entre a universidade e o mercado de trabalho, para que sejam formados alunos contextualizados das demandas de fora da universidade.


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Sobre os palestrantes:

Gabriel Teixeira Sousa é mestre em Psicologia Social e das Organizações pelo ISCTE-IUL, e licenciado Psicologia pela Universidade da Beira Interior. Sua carreira profissional está ligada à temas como consultoria, sendo atualmente um Business Manager Team Leader de um grupo que atua na área de Recursos Humanos


Fábio Monteiro é mestre em Psicologia Clínica e da Saúde pela Universidade da Beira Interior, tendo feito sua graduação na mesma instituição. Atualmente é pesquisador na área da Psicologia Experimental Básica na UBI, com um projeto que procura averiguar o efeito do cronótipo no reconhecimento de faces.


Beatriz de Oliveira Ribeiro é licenciada em Psicologia pela UBI, concluiu sua licenciatura na Universitatea de Vest din Timisoara, na Romênia. É mestre em Criminologia pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto e voluntária psicossocial no Serviço de Intervenção em Crise da Delegação da Cruz Vermelha de Vila Nova de Gaia. Exerce funções como Research Analyst, numa empresa que atua no ramo das Neurociências, dedicando-se a utilizar medidas fisiológicas e comportamentais para produzir e medir o impacto dos conteúdos.

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